Lisca celebra boa atuação vascaína e mira sequência de vitórias dentro do Brasileirão
Jogando em São Januário, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Vasco da Gama venceu a Ponte Preta por 2 a 0, com gols dos meias Andrey e Caio Lopes. Com esse resultado, o Gigante da Colina chegou aos 31 pontos e ocupa a 10ª posição. Logo após o duelo ocorrido, na Colina Histórica, o técnico Lisca concedeu entrevista coletiva e celebrou a semana de preparação para o jogo.
– Nesta semana pudemos experimentar alguns jogadores, conversar com eles. Sentir quem estava melhor preparado mentalmente, que foi o caso do Caio Lopes. Andrey é outro. Vocês viram a entrevista do Andrey, muita gente achou: “Ah, é isso… ele falou um monte de coisa”, mas mostrou indignação. Porque nosso clube está bem longe do que a gente quer. Aqui tem homem, pai de família, tem meninada também. Todos têm caráter – disse Lisca.
Lisca comanda a equipe na beira do gramado de São Januário (Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)
Durante a entrevista, o técnico vascaíno ressaltou a importância da vitória e avaliou o desempenho da equipe. O treinador enfatizou ainda que nesse momento da competição o Cruzmaltino não pode perder ponto. Lisca disse ainda que mais importante do que a vitória era ter uma boa apresentação.
– Agora é estado de sítio, é estado de emergência, é corda esticada o tempo todo. Mas é tudo para terminar entre os quatro. A competição é muito parelha, muito dura, mas mais importante do que a vitória era uma boa apresentação. Com entrega, com pressão, num modelo diferente, mesmo que os jogadores não estejam tão adaptados a pressionar no campo de ataque. Porque teve um momento que virou muita “trocação” – afirmou o técnico.
Fora dos gramados desde a vitória contra o Vila Nova pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, o capitão Leandro Castan voltou a atuar diante da Ponte Preta. Lisca falou sobre a importância do retorno do camisa 5 e disse ainda que está muito seguro de onde trabalha. O comandante destacou que seus netos irão saber que um dia ele foi treinador do Vasco.
– A volta do Castan é muito importante, é o grande líder da equipe, tem personalidade enorme, tem relação com o clube, tem relação comigo, com meu auxiliar, o Márcio, pois eles jogaram juntos. Cheguei em um momento da carreira em que posso escolher onde trabalhar. E eu escolhi o Vasco. Já tive dois convites de Série A desde que aqui cheguei. Mas ninguém vai me tirar daqui. Meus netos vão saber que um dia o vô dele foi treinador do Vasco – comentou o comandante vascaíno.
Confira outros trechos da coletiva:
“Castan não deixa a desconfiança entrar”
– Depois de três derrotas, claro que você faz uma imersão. Foi muita conversa, conversei com alguns jogadores individualmente, com algumas lideranças. Solicitei a eles que precisavam falar. O Andrey se colocou muito bem, aquela entrevista foi ótima, ele assumiu a vergonha na cara, o sentimento de todo torcedor vascaíno. Ele é torcedor, formado aqui dentro. Vanderlei, Zeca, Cano, Andrey… o Castan, que é o nosso líder máximo. Muda o treino, o ambiente com ele é um e sem ele é outro, tem foco, liderança, coragem, confiança e acredita no time do Vasco. O Castan não deixa a desconfiança entrar. Morato, Rômulo, um pouco mais quieto, mas é uma liderança pelo exemplo, pela postura. Eu fomentei isso essa semana. É importante que essas lideranças apareçam e os jogadores assumam suas responsabilidades. Esses dois (Andrey e Caio Lopes) estão muito acostumados com isso.
– É isso que o torcedor do Vasco quer ver. Quando a gente compete forte, a nossa qualidade aflora. Isso que ficou de positivo, mas ainda temos muita coisa para crescer. Hoje era uma vitória para nos colocar um pouquinho mais perto do G-4. Para nós, não tem mais jogo tranquilo, é tudo decisão. Como a gente ficou para trás no fim do primeiro turno, a gente tem que recuperar o mais rápido possível.
– Vamos melhorar (com reforços), o Pássaro está muito ativo nisso. isso é uma coisa que todos os clubes estão fazendo. É um momento de reavaliação do trabalho, de agregar. Obviamente que eu conto com reforços, e é isso que o Vasco vai fazer. Precisamos de um pouco mais de maturidade, um pouco mais de opções no setor defensivo principalmente, mas sem terra arrasada e sem desvalorizar nossos jogadores. Para o momento do Vasco, quanto mais opções melhor para todo mundo, até para os próprios jogadores. São dois ou três que devem chegar em breve. Não é fácil reforçar nesse momento, com notícias de penhora e tal.
– Acho que vai dar uma baixada na pontuação (para o acesso), esse ano está muito parelho. No ano passado alguns dispararam. Estamos pensando, sim, nos 64, mas talvez aconteça com 62. Mas isso é mais para a frente, é uma suposição. O que fica são as lições dentro da própria competição, os altos e baixos, embora ainda não tenhamos vivido o alto, só baixos e médios. Contra o Londrina, a gente entrou no G-4, mas rapidamente a coisa virou. Depois ainda perdemos para o Operário, então essas lições ficam fortes para a gente. Não podemos relaxar em nenhum momento. Fui assertivo para essa partida, tínhamos que errar menos individualmente. Temos que melhorar nosso desempenho fora também. Enfim, sabemos onde precisamos melhorar, o que precisamos melhorar.
– O Andrey é um cara que chega muito, bate de média distância. Ele pode ainda agredir mais o fundo, a linha dos caras. A gente estava tocando demais, mas agredindo pouco a linha. Tem que deixar os caras desconfortáveis. O Cano, hoje, fez um grande pivô no primeiro gol. Nós chegamos muito no primeiro tempo e podíamos ter feito mais gols. O Andrey estava jogando mais atrás, de primeiro volante. E o Caio jogava nessa função já há dois, três anos. Conversei demais com ele, ele tem uma personalidade muito grande. Não sei se vocês sabem, mas a mãe do Caio era atleta de vôlei, jogou muito tempo na Alemanha. O pai dele é alemão. Ele está muito engajado no processo do Vasco da Gama. É um jogador que muitos clubes querem, e nós gostaríamos muito que o clube conseguisse o acesso e ele pudesse jogar uma nova Série A. Gostei demais da postura dos dois, como eles se expressaram para o grupo e para nós da comissão técnica. Queria parabenizar os dois. Um gol de cada um, as coisas não acontecem por acaso. São dois caras em quem eu tenho a máxima confiança.
– Sem palavras. Foi muito emocionante o que eu vivi nessas três derrotas. Normalmente o treinador vai embora, o torcedor abandona o treinador, mas não foi o que aconteceu. O torcedor continuou apoiando, recebi mensagens de vários torcedores do Vasco espalhados pelo Brasil e pelo mundo. É a confiança que o torcedor tem de que estamos nos dedicando ao máximo, mesmo que o resultado não venha. Meu contrato é curto, mas eu peço cada vez mais o apoio e o pensamento positivo. A gente vive uma dificuldade financeira e política, mas não vou me envolver nisso. Estamos blindados com relação a isso. Estou feliz pelo apoio de todos, do torcedor, da diretoria e dos jogadores também. Tivemos uma série de reuniões essa semana, com Pássaro e Jorge, que foram muito legais. Eles colocaram uma série de colocações. Eu resolvi correr o risco (vindo para o Vasco) e não me arrependo em nenhum momento. Se tivesse perdido hoje e fosse mandado embora, o que poderia acontecer, eu não me arrependeria em nenhum momento, torcedor vascaíno. Em nenhum momento vocês vão me ver arrependidos por ter treinado o Vasco, pelo contrário. Isso está marcado na minha história.
– Eu não me sinto destaque de maneira nenhuma, até porque as decisões são tomadas em conjunto. A gente já trabalhava assim com algumas situações no América-MG, no segundo tempo contra o Operário foi isso que fizemos (Zeca atuando por dentro). O segundo tempo lá foi um massacre, só que a bola não entrou. Eles botaram nove jogadores dentro da área. Então lá nós já usamos essa estratégia e crescemos demais. Hoje decidimos seguir com ela. Pode ver que o Caio chegou forte, o Pec foi muito bem hoje também. Bolamos essa estratégia essa semana, e o Zeca nos dá essa oportunidade, ele gosta de construir por dentro. Quem pode ser considerado destaque é o Zeca, destaque também para o grupo, que foi coletivamente muito forte. Fizemos um belo trabalho durante a semana, conseguimos equacionar bem a carga de trabalho. O destaque, para mim, é o clube todo.