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Futebol

Segunda-feira, 06/11/2017

Eurico Brandão Miranda avalia momento vivido pelo Vasco


Eurico Brandão Miranda concedeu entrevista coletiva na Colina- Foto: Paulo Fernandes/Vasco.com.br

De olho na partida contra o Santos, o Vasco da Gama retornou aos treinamentos na tarde desta segunda-feira (06/11) no Complexo Esportivo de São Januário. Seguindo protocolo do CAPRRES, os atletas que iniciaram o jogo diante do Vitória fizeram um trabalho regenerativo. Os demais jogadores suaram a camisa no Campo Anexo em atividades físicas e técnicas promovidas pela comissão técnica. Ao término da movimentação, o vice-presidente de futebol Eurico Brandão Miranda concedeu entrevista coletiva e avaliou o momento vivido pelo Gigante da Colina.

Confira os trechos da entrevista coletiva de Eurico Brandão Miranda:

– Balanço do trabalho desenvolvido por Zé Ricardo

“Nós temos que ter muita cautela e sensibilidade para fazer uma avaliação do Zé Ricardo nesse início. Para quem vive o dia a dia e sabe tudo que vem acontecendo, você tem que dizer que o trabalho é excelente. Mas é preciso que vocês saibam e entendam o que se passa no Departamento de Futebol para fazer essa avaliação. Nós jogamos a nossa última partida em São Januário no dia 08 de julho. Estamos há quatro meses sem jogar o nosso campo. Qual é o prejuízo disso numa competição do Campeonato Brasileiro? O que aconteceu com os times que atravessaram essa dificuldade? A perda é incrível! Por qual motivo de não jogar em São Januário? Tivemos um evento que até hoje não foi explicado e nem solucionado, mas que nos fez perder seis mandos de campo. Foi uma das punições mais duras que um clube teve. Depois disso, enfrentamos um período eleitoral no clube e fomos obrigados a tirar os jogos daqui em virtude de ameaças e possíveis complicações. Esse é o primeiro ano que sou efetivamente um vice-presidente de futebol num período eleitoral do clube e digo que o Vasco precisa mudar. Se o clube não mudar, o destino será duro. Não há departamento de futebol que resista a campanha que é feita contra ele num período eleitoral. Ninguém resiste, não há clube que resista. É humanamente impossível você gerir um grupo onde tem um ex-atleta que liga constantemente para os jogadores pedindo para eles boicotarem o trabalho, para jogar atletas contra atletas, atletas contra comissão técnica e comissão técnica contra a diretoria. Tem um ex-atleta do clube que se encontra com jogadores para fomentar discórdia e incentivar os jogadores a não ganhar os jogos. Como sobrevive a uma coisa dessa? Como o clube sobrevive? Eu tenho plena convicção que o presidente irá ser reeleito, mas não é para amanhã, não é para essa eleição. Essa eleição se define amanhã e o departamento de futebol terá um respiro. Os jogadores terão mais tranquilidade. Todo período eleitoral nos clubes tem pressão nos atletas, mas no Vasco a coisa é de outro mundo. São vascaínos boicotando o Vasco. Não dá para entender isso. Ou as pessoas mudam esse conceito, ou será difícil o Departamento de Futebol andar. É um ano você brigando pela eleição, sendo boicotado pelos próprios vascaínos, no outro ano se discute se a eleição for séria ou manipulada. São dois anos jogando no lixo, só tem paz num ano. As pessoas têm que chegar numa conclusão, sentar na mesa quem ganhar e rediscutir esse processo, essa influência no futebol. Felizmente, tivemos uma campanha satisfatória nesse período e até por isso sempre agradecemos aos atletas, aos membros da comissão técnica e ao próprio Anderson. Todos estão trabalhando de forma intensa para blindar essas questões, mas o que se gasta de energia com isso, tira sua energia para focar em outras situações e você acaba perdendo detalhes que o futebol não permite. Para o Vasco voltar a ser vencedor e protagonista, temos que superar essas questões, ou será muito difícil. Eu no papel de VP de Futebol passei três meses de muito sofrimento. É contornar coisas e brigar contra pessoas do próprio clube. Isso tem que acabar. Não é possível que se dê crédito para uma coisa dessas”

– Ex- jogador do Vasco boicotando o trabalho do Departamento de Futebol

“A gente sabe tudo que acontece no futebol. Tudo que acontece a gente fica sabendo. Hoje é muita informação, muito detalhe. Eu não posso afirmar que alguns atletas estiveram reunidos, mas sei que dois ou três estiveram. Muitos receberam ligações. Atletas que vinha para o Vasco receberam ligações para não vir. Atletas em período de renovação de contrato receberam ligações para não renovar. Atletas que tiveram algum problema foram incentivados a criar problema. O atleta que fez essas ligações e ainda faz é o Felipe”

“Não vou citar o nome dos atletas do nosso elenco que estiveram reunidos, pois não quero expor, até para evitar qualquer tipo de comentário da torcida. Na verdade, os nossos atletas demonstraram um comprometimento muito grande no dia a dia e os resultados em campo mostram isso. Mas tem um desgaste, porque você tem que conversar com o atleta, explicar, colocar um atleta na frente do outro, justificar, colocar o treinador para conversar. O cara quer assumir o Departamento de Futebol e fica fazendo sugestão aos atletas. Ele quer assumir no caos? É pouco inteligente. É um desespero grande para atingir objetivo numa eleição no Vasco que atitudes como essas são tomadas”

“Não pensamos em punição para nenhum desses atletas, até porque eles não marcaram reunião. São encontros casuais. Eles se encontraram e falaram sobre coisas, mas ficamos sabendo sobre o que foi conversado. O cara também não pode deixar de ir num restaurante e passear na praia. Tem alguns que foram pegos na praia passeando. Eles foram leais contando as coisas que tentam colocar para eles. A gente não tem nada para falar dos nossos atletas, do comportamento de cada um deles. Eu não sei detalhes afinco das coisas que foram ditas, são conversas pessoais, mas são coisas que foram para intimidar e jogar uma pressão maior do que existe”

– Influência no resultado contra o Vitória

“Eu acho que a gente estava com um grupo sob total controle. Eles tinham total consciência do que representava aquela vitória. Acredito que até por isso se joga uma pressão acima do normal nos atletas. Isso pode ter sido um fator de desgaste psicológico para os nossos atletas, pois eles sabem de todo esse enredo que envolve um jogo na véspera de uma eleição. Tem pressão de todos os lados para que se consiga os objetivos. Eu discuto muito isso internamente e essa hipótese foi rechaçada pelo Anderson e o Zé Ricardo, mas acredito que o futebol é muito mais mental que qualquer outra coisa. O percentual da influência do psicológico no rendimento do atleta é superior aos 50 por cento. Esse processo eleitoral influenciou muito no rendimento e o fim dele trará uma tranquilidade para os atletas”

– Cobrança por uma vaga na Taça Libertadores

“Quanto mais você vence, mais você precisa ganhar no futebol. O torcedor vai se empolgando na medida que você vai ganhando e muitos que no início diziam que ia comemorar quando o time atingisse 45 pontos, ontem ficaram insatisfeitos porque viram que é possível alcançar uma outra meta. Se a gente alcançar o G7, os torcedores vão querer o G4. Isso é natural. Você quando começar a ganhar quer sempre mais. Eu acho que isso foi um dos fatores. Os jogadores ficaram reféns disso também, pois muda constatemente a pressão por uma vitória. Você deixa de ser um time sem condições para ser um time que pode ganhar. Acredito que se nós não tivéssemos tido todo prejuízo por conta do período eleitoral, incluindo aquela situação do clássico contra o Flamengo, estaríamos mais em cima na tabela. Jogamos longe de casa 10 partidas, metade da que temos direito no campeonato. A campanha do Vasco nesse ano tem que ser analisada com cuidado, é bem vitoriosa. Se você aplicar o percentual de pontos que conquistamos em São Januário com torcida no percentual que tivemos jogando fora de casa e sem torcida, certamente ocuparíamos uma posição na tabela bem agressiva. Estaríamos em terceiro ou quarto lugar, mas infelizmente um período eleitoral trouxe um prejuízo grande para o clube”


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