Quinta-feira, 28/07/2022
Vasco teve duas mulheres na Comissão Técnica durante a Brasil Soccer Cup Sub-16
Historicamente conhecido por lutar pela inclusão, o Club de Regatas Vasco da Gama teve duas mulheres na comissão técnica da equipe Sub-16 que disputou a Brasil Soccer Cup, em Carapebus e Macaé, na última semana. A auxiliar técnica Maria Robalinho e a preparadora física Deborah Touguinhó foram parte importante da estrutura que comandou a campanha dos Meninos da Colina, que tiveram três vitórias e uma derrota em quatro jogos disputados.
Formada em Educação Física, Mestre em Ciências do Exercício e do Esporte e atualmente cursando Doutorado em Ciências do Exercício e do Esporte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maria Robalinho é também Analista de Desempenho da categoria Sub-15 e já trabalha com futebol há pelo menos 10 anos. Começou no esporte universitário, exercendo a função de treinadora no futebol de campo, futsal e fut-7. Também trabalhou no Estados Unidos e no Canadá, onde teve oportunidade de atuar por uma Universidade. Entrou no Vasco em 2018 para fazer estágio na análise de desempenho e retornou em 2022.
– O futebol ainda é um meio muito machista e nós mulheres precisamos sempre mostrar que somos capazes de estar inseridas no mercado. Mas o Vasco, como sempre fez em toda sua história, abre portas e dá oportunidade para que todos possam mostrar seu trabalho. O Vasco foi o primeiro clube a me dar essa oportunidade e eu sou muito grata por fazer parte de um clube tão grande e estar cercada por excelentes profissionais. Mas principalmente, por ter a liberdade de fazer meu trabalho como qualquer outra pessoa, sem preconceitos ou julgamentos – conta Maria, antes de falar sobre a experiência na Brasil Soccer Cup:
– Foi uma ótima experiência ter sido auxiliar técnica na Brasil Soccer Cup Sub16. Foi uma competição de alto nível, com as principais equipes do Brasil. E mais uma vez tive a confiança dos profissionais a minha volta e a liberdade para fazer meu trabalho. É muito difícil ver uma mulher atuando diretamente no campo no futebol masculino e ter essa vivência foi fundamental para o meu desenvolvimento profissional. Essa oportunidade que o Vasco me deu serve de exemplo para os outros clubes e mostrar isso em uma competição nacional é de extrema importância para continuar tentando acabar com o machismo dentro do esporte.
Já Deborah Touguinhó trabalha como fisiologista das categorias de base, com maior atuação no Sub-15 e Sub-17. Iniciou no Futsal jogando, ainda criança, e aos 12 anos conseguiu entrar em um projeto exclusivamente de futebol feminino. Disputou diversos campeonatos, inclusive competições importantes pelo próprio Vasco, como o Brasileiro e a Copa do Brasil. Sempre manteve a vida acadêmica ativa e optou pela Educação Física, conciliando com os treinos. Ao longo da formação recebeu as primeiras oportunidades para trabalhar com futebol e no fim da pós-graduação começou a trabalhar como fisiologista. Chegou ao Vasco no início deste ano e atuou como Preparadora Fisíca do Sub-16 na Brasil Soccer Cup.
– Estar inserida no mercado de trabalho do futebol já é a realização de um sonho. Ter essa oportunidade no Vasco é indescritível. Sempre fui muito grata ao Vasco por tudo que vivi aqui como jogadora e agora retornar como profissional é um presente. A gente aprende muito no dia-a-dia, na troca de experiência com os demais profissionais. Constantemente somos estimulados a melhorar e temos oportunidades que contribuem de maneira significativa na nossa trajetória. A Brasil Soccer Cup Sub-16 é um exemplo claro disso. Fui convidada a viajar com a categoria para atuar como preparadora física da equipe. A experiência foi fantástica, com muito trabalho e respeito entre todos. Apesar de não voltarmos com o título, com certeza essa viagem vai ficar marcada na história de todos que estavam lá. Tudo indica que nós éramos a única comissão técnica com mulheres presentes. O Vasco sempre se destacou por abraçar a todos e dessa vez não foi diferente. Fico muito feliz em saber que estamos conquistando mais espaço no meio do futebol. Isso só é possível porque o clube acredita e oportuniza. Por isso, gostaria de agradecer a confiança e a oportunidade ao clube, especialmente na figura do nosso Gerente Geral, Rodrigo Dias, e Coordenador Técnico, Adriano Souza. Torçamos para que histórias assim se repitam mais vezes e que outros clubes se espelhem no exemplo do Gigante da Colina – conta Deborah.
Coordenador Técnico das categorias Sub-15 e Sub-17, Adriano Souza elogiou o trabalho das duas profissionais na competição e falou sobre a luta histórica do Vasco pela inclusão no esporte:
– Fico muito feliz de ter conseguido oportunizar para Deborah e para Maria um espaço que é constantemente e predominantemente ocupado por homens em competições de futebol masculino. Elas já atuam diretamente no Clube, mas não tinham tido ainda a oportunidade de atuar nessas funções técnicas mais direcionados ou predominantemente direcionados para homens. Nós éramos a única equipe da competição que tínhamos mulheres em cargos técnicos, como preparação física e auxiliar técnica, influenciando diretamente no processo. Elas participaram efetivamente do planejamento e execução dos treinos. Conseguimos voltar e resgatar um pouco daquilo que é a história do Clube. O Vasco sempre foi um clube de inclusão, que olhou para as minorias e classes que são discriminadas em algum momento esses espaços e ficamos felizes de contribuir com isso. É mais um passo importante, mais um recado que passamos a sociedade de que lugar de mulher é onde ela queira estar e sejam capazes de estar. Temos várias profissionais em diversos setores do Vasco e agora abrindo mais espaço ainda para esses setores que são preenchidos por homens em competições masculinas. Espero que em outras competições isso venha a acontecer e que sirva de mensagem para outros clubes para oportunizarem e lutar contra esse preconceito e discriminação que ainda existem no futebol brasileiro.